Togetherness Seat 2023
Public intervention February 16th, 2023
Diálogos Críticos, Mapeamento históricos e críticos da arte em Angola
Práticas artísticas como práticas de arquivo
Camões – Centro Cultural Português. Luanda, Angola
 
Descrição do projeto

Curamo-nos,
não em isolamento,
mas em união.

— S. Kelley Harrell

São os momentos juntos que nos
mudam para sempre. Estar junto é
um lugar maravilhoso para se estar.

— Desconhecido

Dentro de cada um de nós existe uma necessidade intensa de sentir que pertencemos. Esse sentimento de unidade e de união mani-
festa-se através da calorosa expressão de um sorriso, um aperto de mão ou um abraço, através do riso e de demonstrações silenciosas de amor. Surge nos momentos tranquilos e reverentes de conversa suave e escuta atenta.

– William R. Bradford

O “Togehterness Seat”, da série realidades móveis—inicialmente concebido para o programa móvel de Lugânzi — O Arquivo Vivo, uma plataforma de pesquisa para educação, arte e cultura—é uma escultura com um duplo enfoque: ao mesmo tempo contemplativo e participativo.

A escultura expande o vocabulário da arte ao questionar a sua capacidade enquanto catali-
sador para a contemplação ou função. É feita para ser observada e também utilizada. Quando em frente a ela, um adulto apenas consegue ver ráfia; a pessoa do lado oposto não é visível. Só quando os visitantes se inclinam e se sentam sob o céu de ráfia é que conseguem ver-se e estabelecer contacto.

Os visitantes são convidados a sentar-se ou deitar-se, estar juntos e imergir na instalação, ouvindo o som suave das ráfias a sussurrar. O cheiro distinto da ráfia lembra-nos a mãe terra e, para mim, recorda as férias num ambiente rural durante a minha infância, a brincar durante horas intermináveis nos celeiros de feno. Assim que o vento sopra, toda a instalação transforma-se num único vestido de ráfia dançante.

Do ponto de vista arquitetónico, a escultura define um espaço preciso. Tal como um jango, proporciona sombra para atividades ao ar livre
e dá a sensação de estar sob uma árvore de embondeiro, onde tradicionalmente eram realizadas as reuniões dos anciãos.

As saias de ráfia são feitas de materiais naturais provenientes de várias províncias angolanas
e foram produzidas ao longo de vários anos em colaboração com um artesão local.

A intenção da escultura é gerar conversas e imaginar um futuro melhor para nós mesmos
e para o nosso planeta, criado em e pelas comunidades.